sábado, 28 de novembro de 2015

Piscina, madeira importada, tablets nos quartos. Não é um condomínio de luxo, é uma… prisão

Piscina com 25 metros de comprimento, 618 "quartos" com tablets, leitores de CD e DVD, ar condicionado e televisão flat screen. E madeira importada da Austrália. Não é um condomínio, é uma prisão. Espaço não é coisa que falte em volta: este “condomínio fechado” tem 65,636 metros quadrados de área. A vista é verdejante, situado que está numa área florestal catalã, e os acessos ali à mão de semear: a cidade de Tarragona fica a escassos 13 quilómetros.
No interior, os mais de 100 milhões que custou a construir permitem ao “condomínio” ter uma piscina com 25 metros de comprimento, 618 “quartos” com tablets, leitores de CD e DVD, ar condicionado e televisão flat screen para quem lá vive. Os acabamentos não luxuosos, mas quase, uma vez que são em madeira importada da Austrália — há quem viva pior cá fora. E há ainda um pavilhão desportivo para exercitar o corpinho.
Não, não lhe estamos a falar dos novos apartamentos de Messi ou Neymar, os craques do Barcelena, mas de uma penitenciária, a Mas D’Enric, recém-inaugurada. Não haverá por certo prisões com tantas comodidades, nem em Espanha nem mundo fora — talvez La Catedral, que Pablo Escobar mandou erigir para se “prender” em 1991.
A nova penitenciária foi construída para substituir a antiga prisão de Tarragona (ainda em funcionamento), que tinha capacidade para 175 homens e 50 mulheres, mas que dela se dizia estar “obsoleta”. E avançou-se para a construção da Mas D’Enric. Estávamos em 2009.
A nova penitenciária teria sete módulos, e receberia homens, mulheres e menores. O custo total da obra? 100 milhões de euros. As despesas da obra seriam suportadas por duas construtoras, a Comsa e a Emte, ficando contratualizado que o governo da Catalunha pagaria, num contrato de leasing, um milhão de euros mensalmente durante 32 anos, avança o El Confidencial.
A Generalitat está a pagar, desde meados de 2011 (altura em que a obra deveria estar concluída), mas as “chaves” da penitenciária só lhe foram entregues, chamemos-lhe assim, esta semana.
A inauguração foi a trouxe-mouxe e são mais os guardas-prisionais nesta altura do que os presos em Mas D’Enric. Mais: a obra terá derrapado nos custos e foi o governo catalão a suportar os custos extraordinários de mais de 50 milhões de euros, lê-se no mesmo jornal.
Contas feitas, daqui por 32 anos, quando o leasing terminar, o governo da Catalunha terá despendido mais de 384 milhões de euros. Ou seja, quatro vezes mais do que foi inicialmente acordado.
O responsável pelas Prisões na Central Sindical Independiente y de Funcionarios (CSIF) — o sindicato mais representativo das administrações públicas em Espanha –, Juan Luis Escudero, apelidou o negócio de “grotesco”.
Ouvido pelo jornal El Confidencial, Escudero denunciou que a prisão “não estará a 100% do seu funcionamento [a prisão foi inaugurada sem que se tivesse sequer realizado um concurso público para a contratação de guardas prisionais, sendo que os poucos que hoje lá trabalham tiveram que ser deslocalizados de estabelecimentos prisionais vizinhos, segundo o mesmo jornal] antes de 2017”.
O sindicalista vai mais longe e garante: “Mas D’Enric tem capacidade para mais de mil presos, mas não acreditamos que vá ter tão pouco metade desses presos. A antiga prisão de Tarragona tinha 200 presos e não estava lotada.” (Observador)

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