segunda-feira, 12 de setembro de 2016

"Beleza e humanidade" nos bastidores da indústria pornográfica



A fotógrafa francesa Sophie Ebrard nunca esperou encontrar "tanta beleza e humanidade" nos bastidores da indústria pornográfica, disse em entrevista ao P3. Com o projecto "It's Just Love", que resultou de quatro anos de trabalho nos "sets" dos filmes para adultos do realizador Gazzman, a fotógrafa pretende revelar o lado mais suave deste universo, humanizá-lo e assim remover o estigma lhe que está associado. No terreno, deparou-se com "um cenário completamente diferente daquele que esperava", conheceu "profissionais dedicados e sérios", pessoas apaixonadas pela sua profissão e que levam, no final de contas, uma vida normal. "Tudo decorre com muita naturalidade, como se fosse apenas mais um dia no escritório", relatou. Sophie Ebrard descreve-se como um "camaleão"; o seu trabalho consiste em penetrar mundos desconhecidos e revelá-los a terceiros através da fotografia. "Assistir a sexo ao vivo não é uma experiência quotidiana, mas para mim tornou-se quotidiana. Aprendi que rapidamente nos podemos tornar insensíveis àquilo que vemos. Aos olhos dos outros, eu acabei de regressar de uma gravação de um filme pornográfico, e olham-me como se isso mesmo tivesse acontecido, com algum choque. Eu apenas me dou conta disso quando regresso a casa, páro e me olho em perspectiva. É uma experiência forte que eu normalizei. A câmara, neste contexto, funciona como uma protecção. Posso comparar, remotamente, à experiência da fotografia de guerra — que nunca tive. É difícil olhar essa experiência em perspectiva quando regresso, existe um choque cultural com o meu próprio mundo. Antes do início deste projecto, esta também era, para mim, uma experiência extrema." A lente de Ebrard não faz mira ao erotismo, à pornografia ou à ficção. Faz sim aos "momentos privados e verdadeiros" vividos no estúdio. "Trata-se de uma mirada longa e desprendida de quaisquer julgamentos e, por isso, honesta e única." O projecto esteve em exposição na casa da autora, em Amsterdão, como parte integrante do Festival Unseen que decorre anualmente em Setembro. A série fotográfica conheceu publicação em diversos meios de comunicação, entre eles a TIME Lightbox, BBC, The Guardian, Huffington Post e GUP (Público)

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