Esta quarta-feira, 26 de Maio, foram detidos vários responsáveis da FIFA em Zurique. Corrupção, extorsão e lavagem de dinheiro integram a lista das acusações. O Negócios explica-lhe o que se está a passar.
O que justifica esta detenção?
As autoridades norte-americanas através do FBI estão a investigar suspeitas de corrupção, extorsão e lavagem de dinheiro por parte de dirigentes da FIFA.
Os mesmos são suspeitos de terem recebido mais de 150 milhões de dólares (cerca de 140 milhões de euros) em subornos, em troca de acordos com órgãos de comunicação ligados aos grandes campeonatos de futebol.
Esses mesmos pagamentos arrancaram no início dos anos 1990 e estenderam-se até hoje. As autoridades norte-americanas assumem a investigação devido à possibilidade de algumas das transacções ilegais terem passado por contas bancárias naquele país.
O americano Chuck Blazer, um antigo dirigente da FIFA, terá colaborado com o FBI na investigação.
Há mais investigações em curso?
Sim. Para além do trabalho do FBI que justificou a detenção dos sete responsáveis, também as autoridades suíças anunciaram que estão a investigar os processos de atribuição da organização do Mundial de Futebol à Rússia em 2018 e ao Qatar em 2022. Também aqui há suspeitas de lavagem de dinheiro e trocas de favores.
Já em Novembro de 2014, a própria FIFA tinha avançado com uma queixa nesse sentido. Apesar disso, a FIFA já garantiu que as competições se vão manter nesses países, apesar das investigações em curso.
O Mundial de 2022 no Qatar é o que tem gerado maior polémica, sobretudo pelas condições de trabalho para quem trabalha na construção das infra-estruturas. A organização Playfair Qatar já veio dizer que entre 2012 e 2014 morreram 1.420 trabalhadores da construção civil no Nepal, Índia e Bangladesh.
Por sua vez, o ministro dos Negócios Estrangeiros russo já veio dizer que as detenções são uma medida ilegal dos Estados Unidos da América para "impor as suas leis" aos países estrangeiros.
Porquê as detenções nesta altura?
O facto de as detenções ocorrerem nesta altura não é coincidência. Os vários líderes da FIFA estavam reunidos não só na mesma cidade, como no mesmo hotel - o cinco estrelas Baur au Lac. Nesta semana, realiza-se o encontro anual da organização, que culmina com as eleições para o novo presidente na próxima sexta-feira.
O porta-voz da FIFA, Walter De Gregorio, já veio dizer que este é "um bom dia" para a organização", que considera ser a "vítima" em todo este processo.
A FIFA já suspendeu provisoriamente 11 pessoas, entre as quais os seus dois vice-presidentes Jeffrey Webb e Eugenio Figueredo, indiciados nesta investigação.
As investigações vão ficar por aqui?
As autoridades norte-americanas garantem que não, prometendo "livrar a organização internacional de futebol da corrupção sistémica" de que tem sido alvo. Deste modo, são esperados desenvolvimentos nos próximos tempos.
Os investigadores dizem que estão "a mostrar um cartão vermelho à FIFA" com estes processos, que englobam episódios como a atribuição do Mundial de Futebol de 2010 à África do Sul, as eleições presidenciais na FIFA do ano seguinte e vários acordos de marketing celebrados.
Apesar disso, as autoridades já confirmaram que não há alegações de que os jogos ou resultados dos mesmos tenham sido influenciados pelos alegados processos de corrupção.
No ano passado, a FIFA registou receitas superiores a dois mil milhões de dólares.
Quem está envolvido?
O vice-presidente da FIFA, Jeffrey Webb, é um dos nomes em destaque entre os detidos. Eugenio Figueredo, Jack Warner, Eduardo Li, Julio Rocha, Costas Takkas, Rafael Esquivel, José Maria Marin e Nicolás Leoz, Alejandro Burzaco, Aaron Davidson, Hugo Jinkins e Mariano Jinkis, José Margulies completam a lista dos indiciados neste processo.
A detenção em Zurique foi feita a pedido das autoridades americanas. A extradição dos sete responsáveis é o passo que se segue.
Jack Warner já reagiu. Em comunicado, o antigo vice-presidenter da FIFA diz não ter sido "sequer informado" de que teria sido indiciado neste processo. Warner não integra a lista dos sete dirigentes detidos.
O actual presidente da FIFA está envolvido?
Joseph Blatter não está envolvido no esquema que levou à detenção de sete elementos da organização a que preside. Blatter mantém-se na corrida para um quinto mandato na FIFA, cujas eleições estão marcadas para a próxima sexta-feira, 29 de Maio. O porta-voz da organização desportiva já veio garantir que o presidente está "de consciência tranquila" neste processo.
Apesar disso, as autoridades norte-americanas e suíças admitem que Joseph Blatter pode ser ouvido nas próximas semanas no âmbito destas investigações.
Ao final do dia, Blatter finalmente reagiu, prometendo expulsar os corruptos do futebol. "É um momento difícil para o futebol, para os adeptos e para a FIFA. Este tipo de comportamentos não tem lugar no futebol e nós vamos assegurar-nos que os implicados serão excluídos do jogo", afirmou em comunicado.
Como reagiu o adversário de Blatter?
"Hoje é um dia triste para o futebol". Foi assim que Ali bin al Hussein, candidato à presidência da FIFA, reagiu à notícia das detenções. Sem se querer alongar nos comentários, o príncipe jordano lamentou o sucedido. Hussein é o único oponente de Blatter nas eleições da próxima sexta-feira. "Não podemos continuar com esta crise na FIFA", acrescentou mais tarde, defendendo a saída do rival Blatter da presidência da organização.
Como reagiu Luís Figo?
O português Luís Figo também esteve na corrida pela presidência da FIFA, mas acabou por desistir na semana passada. "Este processo eleitoral é tudo menos isso, uma eleição. Este processo é um plebiscito de entrega do poder absoluto a um só homem", afirmou nessa altura. Esta quarta-feira, e perante as detenções, fonte próxima do antigo jogador garantiu à Lusa que a notícia não foi recebida com surpresa. Tal como Figo, o holandês Michael van Praag acabou por retirar a sua candidatura.
As eleições na FIFA vão ser adiadas?
Não. A FIFA já veio garantir que o acto eleitoral se manterá na sexta-feira, 29 de Maio, como previsto. A única alteração é o facto dos responsáveis detidos não poderem exercer o seu direito de voto, porque não estarão em Munique. Já a UEFA quer que este sufrágio seja adiado.
O que dizem os patrocinadores?
A Adidas foi a única, até agora, a reagir ao episódio das detenções em Zurique. A marca de equipamento desportivo optou por incentivar a FIFA a manter "padrões éticos" na sua actividade. Gazprom, Hyundai, Visa, Budweiser e Coca Cola preferem o silêncio.
Mas a crítica dos patrocinadores tem sido constante. No último ano, a Sony e a Emirates terminaram os seus contratos de patrocínio com a FIFA.
Nessa altura, também a Visa veio criticar publicamente a organização sobre a alegada manipulação para a escolha dos países anfitriões para os mundiais de futebol" (fonte: Jornal de Negócios com a devida vénia)
O que justifica esta detenção?
As autoridades norte-americanas através do FBI estão a investigar suspeitas de corrupção, extorsão e lavagem de dinheiro por parte de dirigentes da FIFA.
Os mesmos são suspeitos de terem recebido mais de 150 milhões de dólares (cerca de 140 milhões de euros) em subornos, em troca de acordos com órgãos de comunicação ligados aos grandes campeonatos de futebol.
Esses mesmos pagamentos arrancaram no início dos anos 1990 e estenderam-se até hoje. As autoridades norte-americanas assumem a investigação devido à possibilidade de algumas das transacções ilegais terem passado por contas bancárias naquele país.
O americano Chuck Blazer, um antigo dirigente da FIFA, terá colaborado com o FBI na investigação.
Há mais investigações em curso?
Sim. Para além do trabalho do FBI que justificou a detenção dos sete responsáveis, também as autoridades suíças anunciaram que estão a investigar os processos de atribuição da organização do Mundial de Futebol à Rússia em 2018 e ao Qatar em 2022. Também aqui há suspeitas de lavagem de dinheiro e trocas de favores.
Já em Novembro de 2014, a própria FIFA tinha avançado com uma queixa nesse sentido. Apesar disso, a FIFA já garantiu que as competições se vão manter nesses países, apesar das investigações em curso.
O Mundial de 2022 no Qatar é o que tem gerado maior polémica, sobretudo pelas condições de trabalho para quem trabalha na construção das infra-estruturas. A organização Playfair Qatar já veio dizer que entre 2012 e 2014 morreram 1.420 trabalhadores da construção civil no Nepal, Índia e Bangladesh.
Por sua vez, o ministro dos Negócios Estrangeiros russo já veio dizer que as detenções são uma medida ilegal dos Estados Unidos da América para "impor as suas leis" aos países estrangeiros.
Porquê as detenções nesta altura?
O facto de as detenções ocorrerem nesta altura não é coincidência. Os vários líderes da FIFA estavam reunidos não só na mesma cidade, como no mesmo hotel - o cinco estrelas Baur au Lac. Nesta semana, realiza-se o encontro anual da organização, que culmina com as eleições para o novo presidente na próxima sexta-feira.
O porta-voz da FIFA, Walter De Gregorio, já veio dizer que este é "um bom dia" para a organização", que considera ser a "vítima" em todo este processo.
A FIFA já suspendeu provisoriamente 11 pessoas, entre as quais os seus dois vice-presidentes Jeffrey Webb e Eugenio Figueredo, indiciados nesta investigação.
As investigações vão ficar por aqui?
As autoridades norte-americanas garantem que não, prometendo "livrar a organização internacional de futebol da corrupção sistémica" de que tem sido alvo. Deste modo, são esperados desenvolvimentos nos próximos tempos.
Os investigadores dizem que estão "a mostrar um cartão vermelho à FIFA" com estes processos, que englobam episódios como a atribuição do Mundial de Futebol de 2010 à África do Sul, as eleições presidenciais na FIFA do ano seguinte e vários acordos de marketing celebrados.
Apesar disso, as autoridades já confirmaram que não há alegações de que os jogos ou resultados dos mesmos tenham sido influenciados pelos alegados processos de corrupção.
No ano passado, a FIFA registou receitas superiores a dois mil milhões de dólares.
Quem está envolvido?
O vice-presidente da FIFA, Jeffrey Webb, é um dos nomes em destaque entre os detidos. Eugenio Figueredo, Jack Warner, Eduardo Li, Julio Rocha, Costas Takkas, Rafael Esquivel, José Maria Marin e Nicolás Leoz, Alejandro Burzaco, Aaron Davidson, Hugo Jinkins e Mariano Jinkis, José Margulies completam a lista dos indiciados neste processo.
A detenção em Zurique foi feita a pedido das autoridades americanas. A extradição dos sete responsáveis é o passo que se segue.
Jack Warner já reagiu. Em comunicado, o antigo vice-presidenter da FIFA diz não ter sido "sequer informado" de que teria sido indiciado neste processo. Warner não integra a lista dos sete dirigentes detidos.
O actual presidente da FIFA está envolvido?
Joseph Blatter não está envolvido no esquema que levou à detenção de sete elementos da organização a que preside. Blatter mantém-se na corrida para um quinto mandato na FIFA, cujas eleições estão marcadas para a próxima sexta-feira, 29 de Maio. O porta-voz da organização desportiva já veio garantir que o presidente está "de consciência tranquila" neste processo.
Apesar disso, as autoridades norte-americanas e suíças admitem que Joseph Blatter pode ser ouvido nas próximas semanas no âmbito destas investigações.
Ao final do dia, Blatter finalmente reagiu, prometendo expulsar os corruptos do futebol. "É um momento difícil para o futebol, para os adeptos e para a FIFA. Este tipo de comportamentos não tem lugar no futebol e nós vamos assegurar-nos que os implicados serão excluídos do jogo", afirmou em comunicado.
Como reagiu o adversário de Blatter?
"Hoje é um dia triste para o futebol". Foi assim que Ali bin al Hussein, candidato à presidência da FIFA, reagiu à notícia das detenções. Sem se querer alongar nos comentários, o príncipe jordano lamentou o sucedido. Hussein é o único oponente de Blatter nas eleições da próxima sexta-feira. "Não podemos continuar com esta crise na FIFA", acrescentou mais tarde, defendendo a saída do rival Blatter da presidência da organização.
Como reagiu Luís Figo?
O português Luís Figo também esteve na corrida pela presidência da FIFA, mas acabou por desistir na semana passada. "Este processo eleitoral é tudo menos isso, uma eleição. Este processo é um plebiscito de entrega do poder absoluto a um só homem", afirmou nessa altura. Esta quarta-feira, e perante as detenções, fonte próxima do antigo jogador garantiu à Lusa que a notícia não foi recebida com surpresa. Tal como Figo, o holandês Michael van Praag acabou por retirar a sua candidatura.
As eleições na FIFA vão ser adiadas?
Não. A FIFA já veio garantir que o acto eleitoral se manterá na sexta-feira, 29 de Maio, como previsto. A única alteração é o facto dos responsáveis detidos não poderem exercer o seu direito de voto, porque não estarão em Munique. Já a UEFA quer que este sufrágio seja adiado.
O que dizem os patrocinadores?
A Adidas foi a única, até agora, a reagir ao episódio das detenções em Zurique. A marca de equipamento desportivo optou por incentivar a FIFA a manter "padrões éticos" na sua actividade. Gazprom, Hyundai, Visa, Budweiser e Coca Cola preferem o silêncio.
Mas a crítica dos patrocinadores tem sido constante. No último ano, a Sony e a Emirates terminaram os seus contratos de patrocínio com a FIFA.
Nessa altura, também a Visa veio criticar publicamente a organização sobre a alegada manipulação para a escolha dos países anfitriões para os mundiais de futebol" (fonte: Jornal de Negócios com a devida vénia)
Sem comentários:
Enviar um comentário